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As vozes dos eSports

O papel do narrador nos esportes eletrônicos, uma das modalidades que mais crescem e se inspiram nas vozes marcantes da televisão

Por Ian Godas

A narração esportiva, aprimorada no decorrer das décadas, sempre foi uma área indispensável para os esportes, seja futebol, basquete ou qualquer outra modalidade. A presença de alguém que conheça o esporte, todas as suas regras e times, sempre foi essencial para transmissões ao público e isso não é diferente quando falamos em transmissões de jogos eletrônicos, os eSports.

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A modalidade surgiu em 1972, quando ocorreu a primeira competição de esportes eletrônicos, chamada de “Olimpíada Intergaláctica de SpaceWar”. Stewart Brand, que era escritor e editor da Revista Rolling Stone, que narrou o torneio, em seguida publicou uma matéria, onde descrevia o campeonato. De acordo com Brand, a ideia do campeonato era celebrar o potencial tremendo que os computadores mostravam na época e que nada poderia incorporar mais este potencial do que os vídeo games.

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Desde então a modalidade foi crescendo, acompanhando a evolução tecnológica no mundo dos jogos, e os narradores e comentaristas foram aparecendo aos poucos e evoluindo junto, acompanhando esse crescimento do universo dos eSports.

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Microfones São o maior símbolo da profissão - Imagem: Shutterstock

Sentar-se em uma bancada, testar os equipamentos, preparar a voz e sempre ficar de olho na tela do monitor a frente, descrevendo o que acontece na partida. Essa é a rotina normal de qualquer narrador esportivo tradicional, mas também a de um “caster”, o narrador de eSports.

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Victória “Viic” Rodrigues é comentarista oficial de Rainbow Six, um dos maiores jogos dentro dos eSports, organizando inúmeros campeonatos, com prêmios milionários. Ela é a primeira mulher a exercer a função em partidas profissionais da modalidade. Jornalista formada, apaixonada pelo jogo, contou um pouco desse início e como foi entrar nesse mundo dos eSports.

Viic Rodrigues
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Além da Viic, a maioria dos casters começaram praticamente da mesma forma, como fã do jogo, fã da modalidade, dos times e seus jogadores, e hoje são a referência nessa nova profissão.

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Edição: Ayla Fazioli

À medida que os jogos vão evoluindo, suas regras e jogabilidade vão se tornando cada vez mais complexas, e isso vale para qualquer modalidade nos eSports, seja FPS, MOBA, BATTLE ROYALE. Cada uma delas é composta por elementos únicos, assim como o futebol e o basquete, e na hora da narração, quem precisa saber sobre todas elas são os Casters, e isso exige muito estudo. Hoje ainda não existem cursos específicos para os eSports, para ajudar a formar profissionais da área, como disse nosso convidado Juliano Marcatto narrador de inúmeras modalidades dos eSports.

Como qualquer outro tipo de transmissão esportiva, é necessária uma voz que conduza o público, que de emoção as partidas, que mostre, explique e informe a quem está acompanhando, são essas, duas das inúmeras funções do narrador esportivo. Existem grandes exemplos que são os pilares da narração esportiva, que ainda exercem a profissão com maestria. 

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Everaldo Marques, um dos maiores nomes da narração esportiva do Brasil, tendo narrado mais de 64 modalidades esportivas em sua carreira, teve contato com os esportes eletrônicos no ano passado quando foi convidado a apresentar o prêmio de eSports 2020, mas essa não foi sua primeira experiência com a modalidade. Com o início da pandemia do Covid-19 os esportes tradicionais pararam, consequentemente a geração de conteúdo para canais esportivos também, limitando se aos eSports

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No final de abril, Everaldo Marques foi chamado para narrar um torneio de e-Futebol virtual de seleções em que o Brasil chegou à final contra a Argentina tendo Caio Ribeiro como comentarista (atual comentarista do FIFA). Era uma competição de equipes, cada uma com um jogador profissional e um jogador de futebol tradicional. Foi uma transmissão ao vivo pela televisão onde Everaldo teve seu primeiro contato com os esportes eletrônicos e no final deste mesmo ano recebeu o convite para apresentar o prêmio de eSports.

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Everaldo em sua nova casa - Imagem: arquivo pessoal

Quanto à sua formação profissional, Everaldo cursou Jornalismo, mas não terminou a faculdade, trancou o curso no quarto ano e ficou devendo duas adaptações, que não cursou. Mesmo sem terminar a faculdade, concluiu um curso técnico de locução, pois era necessário para ser narrador, mesmo lhe dando apenas a base, e estudou a vida inteira se espelhando em seus ídolos da narração como Marco Antônio, Alexandre Santos entre vários outros.

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Sobre a profissão “Caster”, Everaldo diz que hoje não existe curso que te transforma em um narrador, existe a base, mas a facilidade de a internet ser um campo de atuação é de extrema

importância para esta profissão trazendo inúmeras oportunidades. Para finalizar a entrevista, o narrador diz que o mais importante é o estudo, é entender a modalidade, as regras, os termos e o vocabulário. Quem está nessa posição é responsável por conduzir a transmissão e levar informação, conhecimento e entretenimento além da própria imagem, tornando a transmissão mais rica. 

“Eu devo ter algum talento no que eu faço, mas eu acredito muito em uma frase que é, talento sem esforço é um desperdício”

- diz Everaldo Marques

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